O que é a Morte? Qual é conceito de Morte
Por vezes as coisas mais simples e óbvias, são as mais difíceis de conceituar e definir. Tal é o que acontece com a morte. Tão difícil é defini-la, como conceituar a sua antítese, a própria vida. A maior das definições que têm sido feitas com relação á morte podem ser chamadas de definições negativas, porquanto se expressam pela via da exclusão. Por outras palavras, dizem que ocorre morte toda vez que não ocorrem certas e determinados fenômenos ditos vitais. Deste ponto de vista estritamente jurídico até que conceituar a morte não é tão difícil: é a extinção do sujeito de direito, ou seja; é o termo legal da existência civil da pessoa.
Tampouco o é deste o ângulo médico: morte é a cessação da vida. Há de se ter presente, contudo, que isto, mais que uma definição é um simples prognóstico de irreversibilidade de um processo vital: a vida não mais há de retornar a este plano. E assim pode-se, licitamente, questionar em que consiste essa vida que não mais há de retornar? E, por conseguinte, qual é o instante em que o caminho se torna unidireccional e sem retorno, podendo-se falar em morte?
Preliminarmente, mister esclarecer, ainda que despiciendo de necessidade, que pelo próprio contexto da matéria que estamos analisando, nos referimos à vida no caso do homem, isto é, do ser humano. Não é que esta seja diferentes dos demais sistemas viventes na sua essência; todavia, ela oferece um negável “plus, ensarte” de sofisticação intelectiva que lhe permita relacionar-se com os demais seres congêneres. È de maneira que, como qualquer sistema vivente, o ser humano exibe intensa negantropia, isto é, é a capacidade de estabelecer a sua ordem ou, por outras palavras, lutar contra a tendência natural do universo a aumentar a entropia, às expensas do constante suprimento de energia. Isto e o que lhe permite ser mais organizada e, ao mesmo tempo, é isto, também, o que na medida em que a sua complexidade, a torna mais instável.
É crucial que, como parte dessa instabilidade, na ausência do suprimento energético necessário, o caminho inverso é inexoravelmente percorrido, levando ao progressivo aumento de entropia, isto é; a disgregação e à desorganização total. Um organismo vivente libera a energia necessária à manutenção do seu nível de organização através do rompimento sucessivo das ligações químicas dos nutrientes que capta do meio, ao longo do processo de respiração que aproveita e exige o oxigênio como aceptor final da cadeia metabólica. Segue daí que a integridade das funções de captação e intercâmbio de oxigênio-atribuição do Sistema respiratório devem ser considerar um dos fenômenos vitais, isto é, capazes de caracterizar a vida e, “mutatis mutandi”, sua ausência como um dos elementos a conceituar a morte.
Paralelamente, em face do tamanho e do grau de desenvolvimento adquirido pelo ser humano, o oxigênio resultante da captação e intercâmbio que é feito apenas numa área restrita, os pulmões, carece ser distribuído pelo corpo todo. Tal distribuição é cometida ao Sistema Circulatório. De tal sorte a higidez e integridade funcional do sistema circulatório se poderá considerar outro dos fenômenos vitais cuja ausência, certamente servirá também para complementar o conceito de morte. Por derradeiro, devemos considerar que ambas estruturas morfofuncionais citadas, Sistema Respiratório e Sistema Circulatório, existem em função de atender ás necessidades de um complexo conjunto de células cuja atividade coordena todo o organismo e, ainda, possibilita toda a sua vida de relação. Referimo-nos ao Sistema Nervoso ou Sistema Neural. Assim sendo, s resulta que a própria atividade do Sistema Neural se constitui em um fenômeno vital princeps, porquanto as outras duas previamente elencadas-Respiratório e Circulatório, acabam sendo subservientes a esta (neural).
Conquanto já anunciamos que a maior grau de complexidade se segue, um maior grau de instabilidade, não resulta difícil compreender que as células do Sistema Nervoso, os neurônios, hão de ser, por força do seu próprio papel e grau de sofisticação, os mais susceptíveis as variações nos teores de oxigênio necessários a manutenção de sua elevada organização sináptica. È por isto que baixas concentrações de dióxido de oxigênio ou ausência do mesmo, acarretam prejuízos irreversíveis na sua organização, caracterizados como morte celular (morte neural).
Para complementar o raciocínio, basta lembra que os técnicos muito têm conseguido no que tange a suprir alguns fenômenos vitais pela ação de aparelhos que respiram pelo indivíduo, facilitando a hematose e que fazem o sangue circular mecanicamente. Todavia, inexiste qualquer engenho eletromecânico capaz de pensar, agir e ter emoções, que seja aplicável ao organismo humano, para supri-lhe a falta dos neurônios mortos...
É por isso, que com a destruição do nível de complexidade mais elevado, os neurônios ou a sua somatória, o Sistema Neural, acabamos, por verificar uma verdadeira desintegração da personalidade, aumento da entropia do sistema, que se transuntará na sua Morte.
Ela era a única certeza que tínhamos na vida. Agora, o avanço da ciência médico está criando dúvidas que nunca tivemos antes e revolucionando o jeito como encaramos a morte. A final de contas, quando a vida termina? Quando exatamente morremos? Como já dizia o então Papa PIO 12 “A morte não é território da igreja. Cabe aos médicos defini-la’’. Ah, quem sabe o filme “Cidades dos Anjos” com Megue e Nicolas faça entender por que a vida e a morte, estão causando tanta polêmica.
Fonte: Ética Prática de Peter Singer.
www.bioetica.ufrgs.br
Por vezes as coisas mais simples e óbvias, são as mais difíceis de conceituar e definir. Tal é o que acontece com a morte. Tão difícil é defini-la, como conceituar a sua antítese, a própria vida. A maior das definições que têm sido feitas com relação á morte podem ser chamadas de definições negativas, porquanto se expressam pela via da exclusão. Por outras palavras, dizem que ocorre morte toda vez que não ocorrem certas e determinados fenômenos ditos vitais. Deste ponto de vista estritamente jurídico até que conceituar a morte não é tão difícil: é a extinção do sujeito de direito, ou seja; é o termo legal da existência civil da pessoa.
Tampouco o é deste o ângulo médico: morte é a cessação da vida. Há de se ter presente, contudo, que isto, mais que uma definição é um simples prognóstico de irreversibilidade de um processo vital: a vida não mais há de retornar a este plano. E assim pode-se, licitamente, questionar em que consiste essa vida que não mais há de retornar? E, por conseguinte, qual é o instante em que o caminho se torna unidireccional e sem retorno, podendo-se falar em morte?
Preliminarmente, mister esclarecer, ainda que despiciendo de necessidade, que pelo próprio contexto da matéria que estamos analisando, nos referimos à vida no caso do homem, isto é, do ser humano. Não é que esta seja diferentes dos demais sistemas viventes na sua essência; todavia, ela oferece um negável “plus, ensarte” de sofisticação intelectiva que lhe permita relacionar-se com os demais seres congêneres. È de maneira que, como qualquer sistema vivente, o ser humano exibe intensa negantropia, isto é, é a capacidade de estabelecer a sua ordem ou, por outras palavras, lutar contra a tendência natural do universo a aumentar a entropia, às expensas do constante suprimento de energia. Isto e o que lhe permite ser mais organizada e, ao mesmo tempo, é isto, também, o que na medida em que a sua complexidade, a torna mais instável.
É crucial que, como parte dessa instabilidade, na ausência do suprimento energético necessário, o caminho inverso é inexoravelmente percorrido, levando ao progressivo aumento de entropia, isto é; a disgregação e à desorganização total. Um organismo vivente libera a energia necessária à manutenção do seu nível de organização através do rompimento sucessivo das ligações químicas dos nutrientes que capta do meio, ao longo do processo de respiração que aproveita e exige o oxigênio como aceptor final da cadeia metabólica. Segue daí que a integridade das funções de captação e intercâmbio de oxigênio-atribuição do Sistema respiratório devem ser considerar um dos fenômenos vitais, isto é, capazes de caracterizar a vida e, “mutatis mutandi”, sua ausência como um dos elementos a conceituar a morte.
Paralelamente, em face do tamanho e do grau de desenvolvimento adquirido pelo ser humano, o oxigênio resultante da captação e intercâmbio que é feito apenas numa área restrita, os pulmões, carece ser distribuído pelo corpo todo. Tal distribuição é cometida ao Sistema Circulatório. De tal sorte a higidez e integridade funcional do sistema circulatório se poderá considerar outro dos fenômenos vitais cuja ausência, certamente servirá também para complementar o conceito de morte. Por derradeiro, devemos considerar que ambas estruturas morfofuncionais citadas, Sistema Respiratório e Sistema Circulatório, existem em função de atender ás necessidades de um complexo conjunto de células cuja atividade coordena todo o organismo e, ainda, possibilita toda a sua vida de relação. Referimo-nos ao Sistema Nervoso ou Sistema Neural. Assim sendo, s resulta que a própria atividade do Sistema Neural se constitui em um fenômeno vital princeps, porquanto as outras duas previamente elencadas-Respiratório e Circulatório, acabam sendo subservientes a esta (neural).
Conquanto já anunciamos que a maior grau de complexidade se segue, um maior grau de instabilidade, não resulta difícil compreender que as células do Sistema Nervoso, os neurônios, hão de ser, por força do seu próprio papel e grau de sofisticação, os mais susceptíveis as variações nos teores de oxigênio necessários a manutenção de sua elevada organização sináptica. È por isto que baixas concentrações de dióxido de oxigênio ou ausência do mesmo, acarretam prejuízos irreversíveis na sua organização, caracterizados como morte celular (morte neural).
Para complementar o raciocínio, basta lembra que os técnicos muito têm conseguido no que tange a suprir alguns fenômenos vitais pela ação de aparelhos que respiram pelo indivíduo, facilitando a hematose e que fazem o sangue circular mecanicamente. Todavia, inexiste qualquer engenho eletromecânico capaz de pensar, agir e ter emoções, que seja aplicável ao organismo humano, para supri-lhe a falta dos neurônios mortos...
É por isso, que com a destruição do nível de complexidade mais elevado, os neurônios ou a sua somatória, o Sistema Neural, acabamos, por verificar uma verdadeira desintegração da personalidade, aumento da entropia do sistema, que se transuntará na sua Morte.
Ela era a única certeza que tínhamos na vida. Agora, o avanço da ciência médico está criando dúvidas que nunca tivemos antes e revolucionando o jeito como encaramos a morte. A final de contas, quando a vida termina? Quando exatamente morremos? Como já dizia o então Papa PIO 12 “A morte não é território da igreja. Cabe aos médicos defini-la’’. Ah, quem sabe o filme “Cidades dos Anjos” com Megue e Nicolas faça entender por que a vida e a morte, estão causando tanta polêmica.
Fonte: Ética Prática de Peter Singer.
www.bioetica.ufrgs.br
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